2 de abr. de 2012

Acupuntura, afinal, é medicina ou terapia?

Decisão da Justiça de restringir aos médicos a licença para a prática causa polêmica entre especialistas


Embora o Tribunal Federal Regional (TRF) da 1ª Região tenha reservado aos médicos o direito da prática da acupuntura (a decisão ainda pode ser contestada), os adeptos desta terapia aprovam e indicam o trabalho feito por profissionais de outras áreas da saúde, como fisioterapeutas, farmacêuticos, psicólogos e até mesmo terapeutas especializados na técnica. “Fiz acupuntura com um especialista em terapia chinesa em 1977. Sabe o que é ver um milagre acontecer? Eu saí da mesa de tratamento andando”, conta a professora de educação física aposentada Maria Rosa Ascar, de 80 anos.

Em 1972, Maria fraturou o cóquis e achatou as vértebras da região lombar ao cair de um aparelho de ginástica. Na época, os médicos disseram que uma cirurgia era necessária, mas ela optou pela acupuntura. “Eu aplicava xilocaína direto na coluna e tomava remédios fortíssimos para aliviar as dores. Estava em uma cadeira de rodas, pois os médicos recomendaram repouso”, conta. “Após algumas sessões de acupuntura, tive alta e voltei a dar aula.”

Já a assessora de imprensa Mayara Martins, de 23 anos, começou a tratar seu problema de depressão em 2002. Ela procurou o serviço de acupuntura por indicação do psiquiatra e passou a fazer sessões semanais. Em 2011, a doença se agravou e ela passou a fazer duas consultas por semana. “O remédio não dava conta. A acupuntura não resolveu totalmente, mas ajudou muito. Comecei a ficar mais tranquila e as minhas crises de pânico diminuíram.”

Mayara, que passou por sessões com quatro especialistas diferentes (dois deles eram médicos), ressalta que o tratamento de acupuntura que mais surtiu efeito foi o último, ministrado por um profissional que não era formado em medicina. “A diferença entre os tratamentos era mínima. Em todas as sessões, os pontos de aplicação eram quase iguais.”

“O processo de aplicação de agulhas não é simples quanto parece. Antes de iniciar o tratamento, o paciente deve passar por um diagnóstico e fazer exames que variam de um raio-x a uma ressonância magnética”, explica o médico Ysao Yamamura, chefe do setor de medicina chinesa e acupuntura da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Com 40 anos de experiência na área, Ysao, que defende a decisão do TFR, alerta para os riscos de uma aplicação inadequada. “A profundidade da perfuração das agulhas pode lesar órgãos. Uma agulha mal inserida no peito, por exemplo, pode perfurar o pulmão.”

Já o professor de educação física e terapeuta Carlos Eduardo Cravo, que trabalha com acupuntura desde 1997, é contra a exclusividade garantida aos médicos. Ele conta que a maioria dos seus clientes o procura após passar por consulta médica, o que faz da acupuntura um tratamento adicional. Além disso, ressalta a necessidade de bom senso entre os terapeutas. “Não tratamos doenças, mas sim desequilíbrios energéticos. Dependendo do que a pessoa está sentindo, recomendamos um médico.”

Fonte: www.redebomdia.com.br

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